Dedo em Gatilho: 4 Tratamentos para Recuperar a Mobilidade das Mãos

Design sem nome 2024 10 14T084656.246

Introdução

O dedo em gatilho, ou tenossinovite estenosante, é uma condição dolorosa que afeta significativamente a qualidade de vida, especialmente em atividades simples como segurar objetos ou realizar movimentos repetitivos com as mãos. Comumente associado a um “travamento” ou estalido ao movimentar os dedos, essa condição pode se agravar se não for diagnosticada e tratada precocemente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações mais graves, como a perda total da mobilidade do dedo.

Historicamente, as primeiras descrições clínicas de dedo em gatilho remontam ao século XIX, quando o médico Alphonse Notta identificou essa condição em pacientes que apresentavam dificuldade para estender os dedos. Desde então, avanços científicos permitiram compreender melhor o mecanismo da doença e desenvolver tratamentos eficazes, que vão desde a imobilização até a cirurgia.

Design sem nome 2024 10 14T095955.063

Fig. 1 A imagem mostra o sistema de polias que mantém os tendões dos dedos próximos aos ossos, permitindo que eles se dobrem suavemente. As polias são chamadas de A1, A2, A3, A4 (anulares) e C1, C2, C3 (cruciformes). Elas ajudam a controlar o movimento dos dedos. Problemas com a polia A1, por exemplo, podem causar uma condição conhecida como “dedo em gatilho”, onde o dedo “trava” ao tentar se mover.

O que é Dedo em Gatilho?

O dedo em gatilho ocorre quando a bainha do tendão flexor do dedo inflama e se estreita, impedindo o deslizamento suave do tendão. Tecnicamente, essa condição é conhecida como tenossinovite estenosante. O tendão, responsável por permitir a flexão do dedo, passa por uma espécie de túnel, a bainha sinovial. Quando essa bainha sofre inflamação, o espaço fica reduzido, e o tendão não consegue se mover livremente, resultando no travamento do dedo em uma posição flexionada.

O paciente frequentemente sente um estalido ao tentar estender o dedo, semelhante a puxar o gatilho de uma arma, o que deu origem ao nome popular da condição. O “travamento” ocorre porque o tendão inflado não consegue deslizar de forma suave dentro da bainha estreitada, e, quando finalmente consegue, resulta no estalo característico.

Fatores de Risco e População Mais Afetada

O dedo em gatilho afeta diversas faixas da população, mas alguns fatores de risco aumentam sua prevalência:

Gênero: Estudos indicam que mulheres são mais propensas a desenvolver a condição, especialmente em idades avançadas. Estatísticas revelam que a prevalência em mulheres é quase o dobro da encontrada em homens, o que pode estar relacionado a alterações hormonais e anatomia das mãos.

Idade: A condição afeta majoritariamente pessoas entre 40 e 60 anos, com prevalência crescente à medida que a idade avança. Dados mostram que aproximadamente 2% da população nessa faixa etária desenvolve sintomas de dedo em gatilho.

Profissões de Risco: Profissões que exigem movimentos repetitivos das mãos, como músicos, costureiras, programadores, trabalhadores manuais, e até dentistas, são especialmente vulneráveis. O uso excessivo e repetitivo dos tendões flexores pode causar microlesões, levando à inflamação crônica.

Doenças Associadas: Condições médicas como diabetes e artrite reumatoide estão fortemente associadas ao desenvolvimento de dedo em gatilho. Diabéticos têm maior risco devido ao comprometimento do sistema circulatório, o que afeta a capacidade de cura dos tendões, enquanto a artrite reumatoide causa inflamações nas articulações e tecidos ao redor dos tendões.

Causas e Contribuintes

O dedo em gatilho pode ser causado por uma combinação de fatores biomecânicos e de estilo de vida. Movimentos repetitivos das mãos, principalmente em atividades ocupacionais que exigem o uso constante dos tendões flexores, podem causar microtraumas. Esses microtraumas, ao longo do tempo, levam à inflamação da bainha do tendão.

Fatores de saúde, como doenças metabólicas (diabetes) e autoimunes (artrite reumatoide), também desempenham um papel importante. Em tais condições, a inflamação crônica do corpo afeta os tendões, causando o estreitamento da bainha sinovial.

Sintomas

Os sintomas variam de leves a graves, dependendo do estágio da condição. Entre os sinais mais comuns estão:

  • Dor localizada: Geralmente na base do dedo ou do polegar, onde o tendão flexor está inflamado.
  • Travamento: Dificuldade para dobrar ou estender o dedo, que pode “travar” em uma posição flexionada.
  • Estalo: Sensação de estalo ou clique ao tentar movimentar o dedo, causado pelo deslizamento irregular do tendão inflamado.
  • Nódulos palpáveis: Pequenos nódulos podem se formar na base dos dedos afetados devido à inflamação contínua.

Os sintomas podem variar em intensidade, de um desconforto leve até dor severa e perda total da mobilidade.

Diagnóstico

O diagnóstico do dedo em gatilho é geralmente clínico, baseado na anamnese do paciente e no exame físico. O médico pode solicitar ao paciente que flexione e estenda os dedos para avaliar o grau de travamento e estalido. Em alguns casos, exames complementares como ultrassonografia ou ressonância magnética podem ser solicitados para avaliar a gravidade da inflamação e confirmar o diagnóstico.

Tratamentos Disponíveis

Tratamentos Não Cirúrgicos

  • Imobilização: O uso de talas pode ser indicado para restringir o movimento do dedo afetado, permitindo que a inflamação diminua.
  • Medicação: Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem ser prescritos para aliviar a dor e reduzir a inflamação.
  • Injeções de Corticosteroides: Uma das formas mais eficazes de tratamento não cirúrgico. O corticosteroide é injetado diretamente na bainha do tendão, reduzindo a inflamação. O alívio é rápido, e os efeitos podem durar meses.
  • Fisioterapia e Exercícios: Exercícios específicos de alongamento, combinados com terapia de calor ou frio, são recomendados para melhorar a mobilidade e reduzir os sintomas.

Intervenção Cirúrgica

Nos casos em que o tratamento conservador falha, a cirurgia de liberação do tendão pode ser necessária. Essa intervenção envolve a liberação da bainha inflamada, permitindo que o tendão flexor se mova livremente. A cirurgia pode ser realizada de forma percutânea (minimamente invasiva) ou aberta, com altos índices de sucesso e tempo de recuperação relativamente curto.

Sem nome 800 x 1.200 px 3

Fig. 2 A imagem mostra uma cirurgia para tratar o dedo em gatilho, onde o tendão preso é liberado para restaurar o movimento. Durante o procedimento, o médico protege a artéria e o nervo digital, que são essenciais para o sangue e sensibilidade do dedo. A maioria dos pacientes recupera o movimento e alívio da dor.

Sem nome 800 x 1.200 px 1 1 edited

Fig. 3 Incisões para liberação de dedos em gatilho e do polegar. A borda inicial da A1 Pulley é identificada no dedo médio. Incisões transversais típicas são demonstradas no polegar, indicador e pequenos dedos. Incisões oblíquas e longitudinais são ilustradas nos dedos anelar e médio. (Copyright © Elizabeth Martin.)

Essa imagem mostra diferentes locais de incisões que são feitas durante a cirurgia de liberação do dedo em gatilho, com foco nas A1 Pulleys que prendem o tendão e causam o “travamento” característico da condição.

Pós-Tratamento e Recuperação

Após a cirurgia ou tratamento conservador, é comum o paciente realizar fisioterapia para recuperar a mobilidade completa dos dedos. A recuperação varia de semanas a meses, dependendo do grau de severidade da inflamação e do tipo de tratamento realizado. A reintegração às atividades diárias deve ser gradual, evitando movimentos repetitivos nas primeiras semanas.

Prevenção

Prevenir o dedo em gatilho envolve modificar atividades diárias para evitar movimentos repetitivos. Profissionais em risco devem fazer pausas frequentes e considerar o uso de órteses preventivas para reduzir a pressão sobre os tendões. Fortalecimento muscular e alongamentos também ajudam a prevenir a inflamação dos tendões.

Conclusão

O dedo em gatilho pode ser uma condição incapacitante se não tratado adequadamente. No entanto, com diagnóstico precoce e tratamento correto, é possível recuperar a funcionalidade total das mãos. Se você estiver apresentando sintomas de dedo em gatilho, agende uma consulta com o Dr. Guilherme Reis, especialista em mãos, para um diagnóstico personalizado e tratamento eficaz. Não deixe de acompanhar nosso blog para mais informações sobre saúde das mãos e siga o Dr. Guilherme nas redes sociais para dicas de prevenção e bem-estar.


Dr. Guilherme Henrique Teixeira Reis, Ortopedista Especialista em mãos, Passos MG.

Leia Mais:  Síndrome do Túnel do Carpo: Sintomas, Causas e 6 Opções de TratamentoDedos em Gatilho: Tecnologia e sua Influência na Ansiedade

plugins premium WordPress